resplandecente de luz, foi enviado do Céu à terra para trazer ao gênero humano a maior e mais consoladora nova.
Naquela casa morava uma donzela humilde e modesta; provavelmente nela nascera, era a casa de seus pais. Era virgem, e chamava-se Maria.
Foi ali que Jesus Cristo habitou, submisso a José e Maria, durante os trinta primeiros anos de sua vida mortal.
A casa foi milagrosamente transportada pelos anjos, no fim do século XIII.
A piedosa imperatriz Santa Helena fizera encerrar a santa casa de Nazaré num magnífico templo, conservando intacta a casa preciosa na qual a Sagrada Família habitara.
Em todos os tempos essa casa foi um santuário visitado pelos mais ilustres e santos personagens, entre os quais a História faz menção de São Luís IX, rei de França, que ali recebeu a sagrada comunhão, com extraordinárias consolações, no dia Anunciação de 1252.
Pouco depois, os muçulmanos do Egito irromperam no território da Palestina e destruíram o magnífico templo no qual se achava a santa casa de Nazaré, que assim ficou exposta a todas as profanações.
Deus subtraiu ao furor dos ímpios esse precioso santuário, por meio de um dos maiores prodígios de que a História faça menção.
E também atraiu, mais do que nunca, a atenção de toda a cristandade sobre um monumento tão digno de nosso respeito e veneração.
A primeira transladação se deu no dia 10 de maio de 1291.
Viu-se de repente perto de Terçado, na Dalmácia, uma pequena casa situada sobre um outeiro, onde jamais se tinha visto nem a mais simples choupana.
Mas a surpresa foi ainda maior quando se ouviram algumas pessoas afirmarem ter visto essa casa suspensa no ar, antes de pousar sobre o outeiro. Espalhando-se a notícia deste prodígio, o povo acudiu de todas as partes, examinou o edifício de perto, e notou com espanto que estava assentado sobre um terreno desigual, sem alicerces.
Além disso, à medida que penetravam no interior, novos objetos lhes excitavam a curiosidade: um altar, uma cruz, uma estátua de cedro representando Maria Santíssima com o Menino Jesus.
Entretanto, aí chega de repente nesse santuário o pároco do lugar, por nome Alexandre de Georgio, que se achava doente havia três anos, quase sem esperança de sarar.
Contou ele que lhe apareceu Maria Santíssima, que o curou e lhe disse que a casa recém-chegada no seu país era a mesma casa de Nazaré, onde, por obra do Espírito Santo, concebera o Verbo de Deus.
Não é fácil dar uma idéia da alegria do povo, vendo seu pastor repentinamente curado e ouvindo a narração da revelação que lhe fora feita por Maria Santíssima a respeito da excelência do Santuário com que todos foram favorecidos.
Nossa Senhora de Loreto
O governador da Dalmácia, Nicolau Frangipani, veio também visitar a santa casa. Admirado de tão maravilhosa transladação, mandou a Nazaré quatro comissários encarregados de verificar: 1) se de fato desaparecera a casa de Maria; 2) se alguém a tirou; 3) se os alicerces dela ali estavam; 4) se as dimensões dessas bases concordavam com as das paredes da casa transportada; 5) afinal, se a pedra de que era feita era a mesma.
Os delegados, chegados a Nazaré, adquiriram plena certeza de que a casa venerada na Dalmácia era realmente a de Maria e de José.
Não sabemos por que a Dalmácia perdeu tão depressa este precioso monumento. A transladação milagrosa para a Dalmácia não era senão o princípio dos prodígios que Deus queria fazer para atrair a atenção do mundo cristão sobre um objeto tão digno de veneração.
No dia 10 de dezembro de 1294, três anos e meio depois de ter aparecido na Dalmácia, a santa casa se elevou de novo nos ares.
Atravessando o mar Adriático, foi colocar-se no meio de um bosque de loureiros, a pouca distância da cidade de Recanati, na Marca de Ancona, três dias antes que o soberano pontífice Celestino V renunciasse à dignidade augusta de chefe da Igreja.
O bosque de loureiros no qual foi pousar a santa casa parece ser a origem do nome que lhe deu, de Nossa Senhora de Loreto.
Os primeiros chamados para contemplar este novo prodígio foram, como no nascimento do Salvador, simples pastores que velavam durante a noite, guardando seus rebanhos.
Uma luz extraordinária, que rodeava a santa casa, inspirou-lhes o desejo de ver de perto a causa do fenômeno.
Aproximando-se, ficaram admirados à vista de uma casa desconhecida e dos objetos religiosos que encerrava.
Cheios de profunda veneração, passaram o resto da noite em oração naquele lugar sagrado.
A fama deste acontecimento espalhou-se logo e atraiu grande número de espectadores e piedosos romeiros.
Em breve, este primeiro movimento da fé foi poderosamente favorecido pelos milagres e graças extraordinárias que ali se recebiam. Enquanto uma multidão de piedosos fiéis acorreu a esta nova fonte de graças, o inimigo do gênero humano se esforçava para as tornar inúteis, infestando aqueles lugares com os furtos e as rapinas, por cuja causa ia diminuindo o concurso dos piedosos fiéis. Deus, porém, remediou bem depressa este inconveniente com uma terceira transladação.
Oito meses depois da sua chegada ao bosque dos loureiros, a santa casa transportou-se de repente sobre um outeiro situado também a pouca distância da cidade de Recanati, lugar pertencente a dois irmãos de uma nobre família.
Mas como estes dois irmãos se armassem um contra o outro, excitados pela cobiça das ricas ofertas que ali se faziam, pouco faltou que banhassem com o próprio sangue aquela terra santificada com a presença da augusta habitação de Maria Santíssima.
Deus, porém, que não detesta menos as dissensões fraternas do que a cobiça, removeu ainda uma vez a santa casa para transportá-la a pequena distância, sobre um outeiro mais elevado.
Esta última transladação deu-se quase no fim de 1295, quatro meses depois que a santa casa havia chegado sobre o outeiro dos dois irmãos.
Assistam o filme abaixo:
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