terça-feira, 20 de maio de 2014

A Alma Gloriosa de Maria - 3

  A Alma Gloriosa de Maria - 3



III. ALMA DO FILHO DIVINO
Se é insondável a união da alma de Maria com o Eterno Pai, que se dirá, então, de sua união com o Verbo Eterno? Verbo que se encarnou no seu seio virginal e, feito homem, lhe deu o nome dulcíssimo de Mãe! E Mãe, como nunca houve segunda. Que soube amar e que, por amor, soube sacrificar-se sem medida. Foi, justamente, por meio de seu Divino Filho que Maria, única entre as criaturas, atingiu — como diz Sto. Tomás — às fronteiras da divindade.

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele”. Se é verdadeiramente misteriosa esta palavra, a respeito dos que comungam a Cristo, que sentido profundo terá ela a respeito de Maria, que O concebeu, gerou e O nutriu? Sim, com a encarnação do Verbo Eterno, a alma gloriosa de Maria tomou novos e inenarráveis aspectos de graça, de beleza e de força. E, durante 30 anos, comungando, dia por dia, hora por hora, instante por instante, com as intenções e desejos de seu Filho, foi aumentando, sem medida, a força, a graça e a beleza de sua alma gloriosa. Porque, continuamente, se tornava mais íntima a sua união com o Verbo. Para o qual, somente, ela vivia. E logo nos lembramos da gruta de Belém, da apresentação no Templo, do exílio egipcíaco, da vida tranquila em Nazaré, do Calvário, da sepultura e tudo nos fala da união mais maravilhosa entre duas almas que o mundo teria admirado, se o mundo tivesse olhos para coisas elevadas. Dos primeiros cristãos se dizia que tinham um só coração e uma só alma; com quanto maior razão se poderia dizer o mesmo de Jesus e de Maria! Era uma só alma que os animava. A alma da Virgem Mãe era a alma do Filho Divino: pois Ela pensava o que Ele pensava, queria o que Ele queria, amava o que Ele amava. Por isso com muito mais verdade do que S. Paulo, podia Maria exclamar: Eu vivo, mas não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim! E nesta vida de união, a tarefa mais grata ao Coração de Jesus, depois da adoração que, de contínuo, prestava ao Pai Eterno, era a santificação da alma de sua Mãe Santíssima, que O cercava, inteiramente, como predisse Jeremias. O que fez dizer um piedoso escritor (Lémann): “Jesus, autor da graça, é o centro; Maria a circunferência que O circunda. Se queremos chegar a Jesus, devemos passar pelos braços maternos que O rodeiam”.
Em verdade, a alma gloriosa de Maria é uma alma toda inteira do Divino Filho Jesus.
E a nossa alma? Não será uma alma cristã só de nome? Uma alma sem Cristo? Eis por que são tão pobres os resultados de nossas aspirações e trabalhos. Pois Jesus o disse:    Sem mim, nada podeis fazer. Era inteiramente de Jesus a alma de um Bem. Henrique Suso, de uma Santa de Chantal e de tantos outros que haviam gravado, com ferro, sobre o peito, o seu Nome Santíssimo...  Quem nos dera dizer sinceramente com a Ven. Irmã Isabel da Trindade: “Ó Verbo Eterno Humanado, revesti-me de Vós mesmo, conformai minha alma a todos os movimentos da Vossa, para que minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa vida”.
 MARIA Santíssima, Mãe do Verbo Humanado, confirmai este pedido, enchei-nos, inteiramente, de Jesus Cristo, de suas intenções, de sua vontade, de seu amor, para que tenhamos, assim, uma alma cristã de verdade, uma alma semelhante à vossa. Assim seja!
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Do Livro: A Alma Gloriosa de Maria - Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. - 1937 - segunda edição

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